quarta-feira, janeiro 23, 2013

O Óbvio Ululante



Lembro-me, com tristeza, de uma discussão em volta da mesa, sobre literaturas admiradas (ou endeusadas) por todos. As pessoas que discutiam são formadores de opinião e todos acenavam, com tanto orgulho, sobre suas sugestões de leitura.
Nomes como Noah Gordon e Dan Brown eram os mais citados pelos intelectuais de plantão, que devem possuir uma portentosa plateia para seus pensamentos nos locais onde vivem. Percebo que se esta mesma discussão fosse feita hoje, E. L. James seria, de longe, o nome mais mencionado.
É comum em outras culturas que as pessoas conheçam trechos de livros, poemas e, principalmente, seus autores. Tal característica denota o zelo com o patrimônio mor de qualquer país: a cabeça infantil.
Sigmund Freud afirmava que o curso natural da libido é encontrar seu objeto de desejo correto. Algum trauma que, porventura, afete o desenvolvimento da libido pode resultar em neuroses e perversões.
Usei a linha freudiana de raciocínio para mostrar que o curso natural de qualquer leitor é utilizar a literatura correta para cada situação, idade e amadurecimento. Traumas nesta época podem provocar danos irreversíveis. O ideal sempre será ter outros leitores como referência e ser referência para quem possui menor experiência que você.
Há, no Brasil, uma ampla gama de escritores capazes de saciar todos os desejos, dos mais simples aos mais exigentes leitores. As crianças deveriam sabê-los de cor. Prioridades invertidas à parte, me refiro a nomes do calibre de: Lima Barreto, Eça de Queirós, Machado de Assis, Jorge Amado, etc. Que deveriam ser melhor aproveitados durante a fase escolar (por favor, entenda que melhor aproveitado não quer dizer ler um único livro de um único escritor por ano).
Uma pausa: Quando eu for Ministro da Cultura, instituirei atividades e leituras dos escritores nacionais para o ensino fundamental e atividades e leituras dos clássicos de filosofia e sociologia para o ensino médio.
Morram de fome, pseudo cantores sertanejos, de axé, de forró e grupos de pagode!
Voltando à programação normal... Dentre todos, o mais primitivo e visceral, com certeza (escritores para redes sociais, por favor, me perdoem a correta grafia) é o ilustre Nelson Rodrigues.
O primitivismo remete diretamente à Sombra de Jung (exaustivamente utilizada por Bergman e Palahniuk) e o visceral é uma mistura de Nietzsche com Rimbaud, sincero e incomodante (exaustivamente utilizada por toda a literatura mundial).
Sincero porque tudo escrito por ele REALMENTE existe, incomodante porque está ao lado (em frente, nos fundos ou dentro) de nossas casas.
Parafraseando o próprio, não dá pra saber os íntimos pensamentos de uma pessoa sem ficar enojado (ou excitado).
Um de seus mais belos (?!?! - seria esta a palavra certa?) livros se chama O óbvio ululante.
No Brasil, corria o ano de 1968. Era instituído o AI-5 pelo General Arthur Costa e Silva. Eram tempos difíceis para quem tinha personalidade e um mínimo de discernimento. Difíceis até demais. Foi decretado estado de sítio e foram suspensas todas as garantias constitucionais dos cidadãos brasileiros. Imagine o que isto provocaria no afiado pensamento rimbaudiano (sim, associei Nelson ao Rimbaud, ambos são incômodos aos cômodos) de Nelson Rodrigues. Conseguiu imaginar? Pois bem, Nelson selecionou e produziu o O Óbvio Ululante, um livro com a reunião das crônicas publicadas no jornal O Globo (tinha que ter algo de ruim, né?) no marcante ano de 1968.
Conforme afirma José Lino Grünewald, no prefácio da 4ª edição do livro editado pela Companhia das Letras, em 1993 (uma referência acadêmica disfarçada, hehehehehe), seus personagens são ferramentas de uma filosofia bem pessoal. Podem ser os “irmãos íntimos”, gente da vida real ou aqueles de ficção, a simbolizar a generalização icônica de um defeito, qualidade ou postura. Aí estão a “vizinha gorda e patusca”; “Palhares, o canalha”; o “débil mental de babar na gravata”; o “falso cretino”.
Pode-se perceber que existem dois tipos de fãs de Nelson Rodrigues: um é o que ouve todos falarem bem e também vira um fã compulsório (vide os "leitores" descritos acima, que se baseiam na crítica do jornal O Globo para decidir o que ler) o outro fã é o que vive a vida como ela é (sem baratas associações, por favor), que observa as proximidades, que bebe nos bares, que escuta os mentirosos comentários sobre desempenhos sexuais, que ouve os lamentos e anseios femininos por novidades sexuais e que lê os olhares alheios. Enfim, o segundo fã se sente em casa quando passeia pelos livros do Nelson Rodrigues.
Se você é o primeiro tipo de fã, volte às revistas do Chico Bento (nenhum tipo de preconceito aos leitores do Chico Bento, estão no caminho certo, amadurecerão no momento exato).
Se você é o segundo tipo de fã, (re)leia o livro.

Caso tenham ficado curiosos quanto ao resultado da discussão com os pseudo leitores, saibam que eu não disse nada que li, leio ou lerei. Fiquei absurdamente quieto. Existem vários momentos da vida em que você precisa do silêncio, com a única finalidade de manter as amizades.
Este foi um destes momentos.

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

A libertação da náusea

Fala, gente.
Tudo tranquilo por aí?
Estou preparando a vinda de um novo Zaratustra, para guiar seus contemporâneos, afastá-los de suas certezas incertas, de suas verdades mentirosas.
Este título não é nenhuma homenagem a Jean-Paul Sartre. A náusea a que me refiro é a causada pela ingestão (entenda ingestão como a absorção, por qualquer forma, de qualquer coisa que não traz nenhum avanço pessoal, espiritual ou intelectual - tipo os erros de português dos maiores sucessos populares) de produtos estragados. .
Estava futucando meus livros velhos e revistas amassadas (por acordar em cima delas, maldita mania de dormir lendo - ou ler dormindo? Sei lá) e encontrei umas apostilas do tempo em que eu frequentava a faculdade com mais afinco (antes da faculdade se mudar pro lado da rodoviária - bares a granel), incluindo recordações de um churrasco mal-organizado que fui. Muitas lamentações, vontade de estar em casa, etc e tal. Mas, fui pra não parecer muito chato.
Deveria jogar na Mega Sena a cada rompante de previsões futurísticas que tenho, pois o churrasco foi justamente como imaginei: chato, com gente chata e (pior de tudo) música chata.
Ficava olhando em volta e pensando nas conversas que tive (entre 1986 e 1988) com os amigos do ensino médio, imaginando (e temendo) que a faculdade seria um berço de gente inteligente, formadora de opinião, etc e tal. Da mesma forma como os ídolos desta época, que eu admirava e que haviam saído da faculdade (muitas vezes, nem entrado), capazes de expressar sentimentos, através de versos e acordes.
E lá estava eu, sorrindo amarelo, ouvindo coisas que detesto ouvir, disputando a tapas uma cerveja lamentável; tudo isso só pra não ser chamado de desagradável por gente que não me importa, como pode?
Em Heaven knows I´m a miserable now, sucesso de 1984, Morrissey dizia: "Why do I smile at people who I'd much rather kick in the eye?". Era justamente assim que eu me sentia.
Na tarde de hoje, encontrei esse trecho no livro Ecce Homo, de Nietzsche, ele reflete o que eu senti naquele momento e sinto toda vez que fico em situação semelhante.
Em poucas palavras, ele diz que devemos saber diferenciar adoradores de coisas boas de adoradores de coisas ruins.
Devemos ler/ver/escutar/sentir o ruim, mas sabendo que é ruim, nada mais que isso.
Não devemos ler/ver/escutar/sentir o ruim tendo certeza de que é bom. Isso é péssimo.
E como diferenciar o bom do ruim?
Simples, o ruim é de facílima absorção, é comercial, é falso. Foi feito para tirar seu dinheiro, só isso. Não apresenta nenhum sinal de preocupação durante sua confecção.
Exemplos? Revistas televisivas, preocupações com a novela, neo pagodeiros, neo sertanejos, Nelson Rubens, Galisteu, Hebe, Faustão, Gugu, reality shows, etc.
O mundo tem idiotas demais e gente preparada de menos.

Segue o trecho do Friedrich:

"Que me aconteceu? Como libertei-me da náusea? Quem rejuvenesceu o meu olhar? Como voei até essas altitudes, onde já nenhuma turba se senta ao pé da fonte? Foi minha náusea que me deu asas e forças para pressentir os mananciais? Na verdade, tive de voar para as extremas alturas a fim de encontrar a fonte do prazer? Oh! Irmãos meus, encontrei-a! Aqui, no ponto mais alto, jorra para mim a fonte da alegria! E há uma vida na qual nenhuma ralé bebe! Para mim jorras, quase com excessiva violência, ó fonte da alegria! E muitas vezes esvazias a taça, porque a queres encher. E devo ainda aprender a aproximar-me de ti com maior discrição: com demasiado ímpeto pulsa ainda o meu coração, ao ir ao teu encontro: – Meu coração, em que se consome o meu Verão, o meu breve, quente, melancólico e superditoso Verão: como anseia pela tua frescura o meu coração estival! Foi-se a aflição hesitante da minha Primavera! Acabaram-se os flocos de neve da minha maldade no mês de Junho! Todo eu me tornei Verão e meio-dia estival! – Verão nas alturas com frescas fontes e silêncio bemaventurado: oh!, amigos meus, vinde, para que este silêncio se torne ainda mais bem-aventurado! Pois esta é a nossa altura e a nossa pátria: habitamos aqui num lugar demasiado alto e íngreme para toda a impureza e a sua sede. Mergulhai, amigos meus, o vosso olhar puro na fonte da minha alegria! Como haveria ela de com isso se turvar? Sorrir-vos-á também com a sua pureza. Na árvore do futuro, construímos o nosso ninho; nos seus bicos, as águias trazem-nos, a nós solitários, o alimento! Na verdade, não é alimento que possamos partilhar com os impuros! Estes imaginariam estar a comer fogo e queimariam a boca. Não temos aqui, na verdade, morada para os impuros! Para os seus corpos e os seus espíritos, a nossa felicidade seria uma gruta de gelo! E acima deles, como ventos impetuosos, vizinhos das águias, perto da neve e junto ao sol, queremos viver: assim vivem os ventos impetuosos. E, tal como o vento, quero ainda soprar no meio deles e com o meu espírito tirar ao seu espírito todo o alento: assim o quer o meu futuro. Na verdade, Zaratustra é um vento forte para todas as terras baixas: e a todos os seus inimigos e a tudo o que cospe e vomita dá este conselho: guardai-vos de cuspir contra o vento!"

Nietzsche dizia que sua obra não seria entendida, seria coisa pra alguns séculos a frente.
Previsões corretas.
O medo é da banalização que os humanos praticam a tudo ( ver http://tasqueopariu.blogspot.com/2009/06/umslopogaas.html ).

A intenção ao escrever tudo isso é de ser MUITO claro, menos com quem está acostumado a atrofiar seus neurônios.

Bom, galera. Creio que é só.

Abraços.

segunda-feira, junho 01, 2009

Umslopogaas

Fala, galera.
Eu desapareço, mas não abandono essa joça aqui.
O engraçado é que é necessário um monte de porres homéricos pra arrumar inspiração (entenda-se como tempo livre, somado à ausência de preguiça e presença de boa vontade).
Os porres sempre vão ficando mais presentes e mais complicados de serem obtidos. Paradoxo? Claro que não, depois de uma boa explicação, tudo fica cristalino como o Cullinan.
Mas, uma coisa é certíssima e evidente. É cada vez mais difícil arrumar bons parceiros de copo!
Aí, vem à cabeça dos observadores a seguinte questão: O que é necessário para ser um bom (quiçá – http://quissahcomcedilha.blogspot.com/ - ótimo) parceiro de copo?

Os seguintes requisitos:

1.
Ser um cara de vida bem resolvida – Não adianta PRN (PoRra Nenhuma, porra) estar no melhor do papo e receber a visita de uma mal humorada companheira, com vontades enormes de socar a sua cara (sim, a sua, pois o marido dela é sempre inocente) e levar sua cara metade de volta ao aconchego do lar (de onde ela tem certeza de que você o retirou forçosamente – tô de saco cheio de ouvir isso);
2.
Estar por dentro de tudo que é interessante – É altamente detestável ter que discutir assuntos repugnantes na mesa de bar (novelas, Faustão, Raul Gil, Big Brother e o resto das nojeiras televisivas);
3.
Gostar de boa música – Creio que não preciso ser mais específico. É importante informar que, infelizmente, é raríssimo encontrar (pelo menos, onde resido) um bar com algo respeitável tocando (com exceção do ótimo Delta Blues Bar – www.deltabluesbar.com.br – onde tive a honra de tomar porres maravilhosos ouvindo a fina nata do rock dos anos 50, 60 e 70 – na primeira noite em que o visitei havia um tributo aos três J's – Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrisson – putaqueopariu!!!);
4.
Não ficar bêbado em velocidades diferentes – É um saco ver o seu parceiro de copo começar a chorar por causa da mãe, mulher, namorada, cachorro. Se isso acontece, seu parceiro ficou mais emocionado que você e é hora de correr de perto dele;
5.
Gostar só de álcool – Aí, na boa, não tem nada mais desagradável que ter que parar de falar da Filosofia na Época Trágica dos Gregos (contribuição enorme do meu amigo André Martins – também tô lendo aqui) pro seu parceiro de copo sair em busca de cocaína, maconha, ou qualquer outra droga ilícita. Dá vontade de dar uma porrada no camarada, pela falta de personalidade (sim, eu sou caretão mesmo, só álcool) e pela exposição involuntária e indevida;
6.
Não gostar de viadices e penduricalhos – Desculpe o machismo gritante, vejam em posts anteriores que não sou machista. O cara não tem que ser bronco e chucro, como o Coronel Ponciano, mas também não pode pedir aquelas bebidas com “guarda chuvinha” ou “canudinho coloridinho”, porra.

Se vocês observarem, verão que em nenhum momento foi citada a possibilidade do parceiro de copo ideal ser UMA PARCEIRA de copo ideal. Por quê isso? Simples, caso encontre uma mulher com essas características, ela só será parceira de copo nos minutos iniciais, nos seguintes ela será a caça ou a caçadora. E caso haja algum vínculo emocional, além do respeito, a parceria se acaba automaticamente.
Mas, nada disso explicou porque os porres continuam acontecendo cada vez com mais frequência.
Os melhores parceiros de copo encontráveis no mercado são os garçons e os donos de bares, mas eles só podem beber quando estão fechando, e isso só ocorre lá pela alta madrugada (2, 3 ou 4 horas da manhã). Então, tenho que ficar bebendo e esperando até que alguém se libere, daí eu é que viro um péssimo parceiro de copo, pois já estou bem bêbado quando isso ocorre.
Continuarei buscando.
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Creio que estou ficando um velho ranzinza e reclamão, pois os posts que saem da minha cabeça só se iniciam com as palavras: “Eu detesto...”. Veja os exemplos seguintes:

Eu detesto ficar sem beber;
Eu detesto música ruim;
Eu detesto gente chata;
Eu detesto gente superficial;
Eu detesto que mandem em mim;

E por aí vai...
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Eu detesto gente que fica admirada por algo à primeira vista, sem uma pesquisa maior, sem uma noção exata do quão profunda essa admiração poderia e deveria ser.
Exemplo...
Antigamente, não havia informação.
Ouvir um disco, ver um filme, beber um goró, comer uma mulher, tudo era uma questão MUITO complicada.
Tínhamos que nos reunir na casa de alguém (quando seus pais não estavam em casa, claro) e ouvir o último disco dos Picassos Falsos, ou ver o último lançamento em VHS, ou preparar uma dose de cachaça com coca-cola ou esperar o bom humor da Cristina. Tudo era regrado, dinheiro nunca ficou sobrando. Então, quando havia a oportunidade de realizar qualquer uma dessas tarefas, todo momento tinha que ser muito bem saboreado, tínhamos que prestar atenção a todos os detalhes, afinal ninguém fazia ideia de quando haveria outra oportunidade de repetir tal feito.
Seguindo esses rituais foi que aprendi a hiperlinkar todas as palavras que encontrava, procurando seus reais significados e o porquê delas estarem ali e daquela maneira. A única fonte de informação que eu dispunha era o Palácio da Cultura ou as bibliotecas das escolas onde eu estudava, e, obviamente, não haviam mecanismos de busca, encontrar uma palavra específica num mar de letras era tarefa das mais ingratas, mas era muito prazeroso quando ela (a palavra, porra) era encontrada.
Percebia-se que havia um sentido, tudo se encaixava, dava a impressão de ter participado, de ter estado ao lado do escritor no momento em que ele escolheu tal palavra ou tal título.
Quer exemplos?

1991 – Ira! - Meninos da Rua Paulo
Trata-se do livro homônimo de Molnár (que eu já tinho lido bem antes), que conta as aventuras de um grupo de moleques, com idades entre 13 e 15 anos; com sua hierarquia e o respeito entre eles.
1989 – Paralamas do Sucesso – Jubiabá
É outro livro, desta vez, de Jorge Amado, que conta as aventuras de Antônio Balduíno, protegido pelo pai de santo Jubiabá e apaixonado por Lindinalva.
1989 – Paralamas do Sucesso – Lanterna dos Afogados
Também faz parte do livro Jubiabá, esse era o nome do bar onde Balduíno ia beber com Joana, mas que ela detestava, por ser pessimamente frequentado.
1986 – Legião Urbana – Andrea Doria
É o nome de um almirante genovês que expulsou os franceses de Gênova e que, enquanto lutava no mar Mediterrâneo, não conseguiu impedir a retomada da mesma Gênova pelos franceses, anos depois, claro.
1985 – Legião Urbana – Baader-Meinhof Blues
Um violentíssimo grupo terrorista alemão de extrema esquerda, liderado pro Andreas Baader, que conseguiu escapar da polícia, graças à ajuda de Ulrike Meinhof, jornalista, também, de esquerda.
2001 – As aventuras da Liga Extraordinária – Umslopogaas
Valoroso guerreiro Zulu que lutou ao lado de Alain Quatermain, durante suas aventuras nas minas do Rei Salomão (na verdade, cada quadrinho, cada palavra, cada figura dessa obra merece ser pesquisada arduamente, nada foi escrito sem uma referência – favor procurar em posts anteriores).

Daí, Deus disse: “- Faça-se a informação!” e a Internet foi criada.
Mesmo com essa torrente exponencial de informação, não me recordo de ver pessoas procurando informação com o mesmo afinco que destinávamos à nossa garimpagem contínua dos anos 80.
Pelo contrário, vejo pessoas reverenciando personalidades incolores, inodoras e insípidas, só porque está na moda ou alguém o disse que aquilo é o correto. Nenhuma pesquisa efetuada.
Vou seguindo [sic]unicamente primo[/sic].
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Creio que isso deve explicar por quê não consigo escutar muitas coisas atuais, não dá pra enxergar nada de novo nelas, só reedições do que já fez sucesso.
Essa regra só não vale pra Janis Joplin e pro Jimi Hendrix, ainda não apareceu ninguém que cante como ela ou que toque como ele.
Com desprendimento, liberdade e MUITA personalidade.
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Ah, a tirinha que ilustra esse post é, mais uma vez, do André Dahmer, ele é sensacional, pesquisem e constatarão o que eu digo.
Bom galera, creio que é isso, depois escrevo mais, esperarei por mais algum porre.
Quem sabe nessa noite?

terça-feira, julho 29, 2008

Orkut, Dahmer, Funk, Nietzsche e Álcool. Tudo a ver.


E aí, galera?

Sentiram saudades? Espero que tudo esteja bem com todo mundo.

Sumi, sumi mesmo ( como se meus 2 fiéis leitores não tivessem percebido ). Nossa, aconteceu tanta coisa, algumas publicáveis, outras totalmente impublicáveis. Mas, o que é importante saber é que estou bem e bebendo na mesma proporção ( “O whisky é o cachorro engarrafado” - Vinícius de Moraes ).

Bom, pra quem interessar possa, saí de Paulínia/SP em março de 2008 ( nossa, quanto tempo sem postar PRN – PoRra Nenhuma – desde 04 de fevereiro de 2008 ), estou trabalhando em Campos, Macaé e Itaperuna. Tentando ler alguma coisa significante, conhecer gente significante e tomar atitudes significantes, mas, tá difícil ( ou de ficio, como diz minha amiga - http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=15599698086155697491 – corram antes que ela mude ).

Vocês devem estar se perguntando: “Poxa, o Eduardo teve a maior dificuldade pra encontrar um perfil com tão maravilhoso nível cultural.”. É aí que você, caro leitor, se engana... Tente fazer uma busca no Orkut pelas seguintes palavras: [sic] sorrizo, felisidade, onestidade, umildade, esperansa, maudade e saldade [/sic] ( “palavras” sugeridas pelo Fernando ODB em www.orkutdebebado.blogspot.com – naveguem por lá e preparem seus corações pras coisas mais esquisitas, totalmente sem gosto estético e sem noção ).

Utilize esse artifício quando estiver em um dia que nada deu certo, o stress continua a toda e você está querendo matar alguém, verá que a felicidade retornará pro seu lado e quem você quererá matar serão os infelizes acéfalos que possuem os perfis que o Orkut te mostrará.

Ah, você também verá que até aquele seu amigo também estará relacionado ( ou o amigo do amigo ), faça a busca e veja o quanto a leitura faz falta em nossa vida. O mais engraçado não é o cara fazer errado, é ter orgulho de fazer errado. Jesus, tomei cada susto.

Debatendo com uma amiga, disse que iria acabar com meu perfil, mas, o manterei justamente pros momentos de stress, que disse a vocês logo acima ( e tenho vários momentos assim ).

O André Dahmer ( www.malvados.com.br ) já havia percebido o rumo cultural do Orkut, é dele a tira que ilustra esse post.

Preservo demais o que leio e o que ouço ( dize-me o que ouves e te direi quem és ) e pensei que essa explosão de criatividade e genialidade deveria ser por causa do que não é lido e pelas músicas escutadas pelos donos de tão abençoados perfis, que só devem ouvir as músicas de facílima assimilação ( leia-se axé, pagode, funk ), mas, peraí... Eles não ouvem funk.

Digitei no Google a palavra FUNK, marquei a opção “Páginas do Brasil” e qual não foi minha surpresa ao constatar que só encontrei uma menção ao Funk real lá pela 4a página, em uma nota sobre o grupo Funk Como Le Gusta ( muito bom, por sinal ).

Também há uma página da SuperInteressante ( http://super.abril.com.br/superarquivo/2001/conteudo_175286.shtml – leiam, vale a pena ), de onde só tirei uma citação do compositor erudito russo Igor Stravinski proclamando que a história da música poderia ser resumida em três Bs: Bach, Beethoven e Brown. Creio que, só por aí, dá pra sentir a real importância do Funk ( favor NUNCA confundir com esse cúmulo da pobreza musical, martelado em nossos ouvidos todos os dias por onde quer que se passe ).

Procurem por: Earth, Wind & Fire; Sly & the Family Stone; James Brown; Aretha Franklin; Parliament; The Brothers Johnson; The Blues Brothers e sintam o real poder e peso do Funk.

Tentem ouvir ( parece óbvio, mas, muita gente escuta e não ouve ) o que está sendo tocado. Ajudará a construir uma personalidade.

--


Bom, galera, estava devendo um post, tentarei ser menos ausente ( pela enésima vez, prometido ).

Escrevam, gosto de ler o que me deixam de lembrança. Ajuda a motivar ( ou desmotivar ).

Ah, como dizia Zaratustra: “Eu sou um anteparo na margem do rio. Que me agarre quem puder me agarrar. Mas não sou vossa muleta.”.

Abração a todos e um beijão pras meninas que me lêem aqui ( um beijo ainda maior pras que me escrevem ).

Até a próxima.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Aviso aos Navegantes II - A Missão



Fala, galera.
Mais de uma década sem postar, nem direi mais nada a respeito disso.
Mas, pra quem não sabe, estou morando em Itaperuna/RJ e trabalhando em Paulínia/SP, e lá é longe bagaray. Normalmente, isso não seria desculpa, já que estou com o note e uma conexão muito boa, mas, os bares continuam perto, as baladas continuam perto e o tempo continua escasso.
Mas, deixa isso pra lá, vamos ao que interessa...
Geralmente converso com uns amigos sobre a fragilidade dos relacionamentos atuais e alguns ficam indignados com minha visão, eu seguia sozinho com minha bandeira, até que encontrei alguém (de peso) que compartilha dos mesmos pontos de vista.
Parece brincadeira, mas tratem MUITO bem suas mulheres (algumas não merecem tratamento, mas é só não ter nada fixo com elas), o índice de maridos traídos aumentou assustadoramente nos últimos dias e eu sempre acreditei que os maridos são os maiores culpados disso.
O texto abaixo foi extraído do blog da Erika ( http://erika-credo.blogspot.com ), que achei magnífico, estudarei mais algumas coisas de HTML, JavaScript, PHP e MySQL e um dia estarei o mesmo nível que ela.
Lá vai...

Mulher não trai, apenas se vinga!

EVITE SER TRAÍDO (Arnaldo Jabor)

Você, homem da atualidade, vem se surpreendendo diuturnamente com o 'nível' intelectual, cultural e, principalmente, 'liberal' de sua mulher, namorada etc... Às vezes sequer sabe como agir, e lá no fundinho tem aquele medo de ser traído - ou nos termos usuais - 'corneado'.
Saiba de uma coisa... Esse risco é iminente, a probabilidade disso acontecer é muito grande, e só cabe a você, e a ninguém mais evitar que isso aconteça - ou então -assumir seu 'chifre' em alto e bom som.
Você deve estar perguntando porque eu gastaria meu precioso tempo falando sobre isso. Entretanto, a aflição masculina diante da traição vem me chamando a atenção já há tempos. Mas o que seria uma 'mulher moderna'?
A principio seria aquela que se ama acima de tudo, que não perde (e nem tem) tempo com/para futilidades, é aquela que trabalha porque acha que o trabalho engrandece, que é independente sentimentalmente dos outros, que é corajosa,companheira, confidente, amante... É aquela que às vezes tem uma crise súbita de ciúmes mas que não tem vergonha nenhuma em admitir que está errada e de correr pros seus braços.....
É aquela que consegue ao mesmo tempo ser forte e meiga, desarrumada e linda... Enfim, a mulher moderna é aquela que não tem medo de nada nem de ninguém, olha a vida de frente, fala o que pensa e o que sente, doa a quem doer...
Assim, após um processo 'investigatório' junto a
essas 'mulheres modernas' pude constatar o pior. VOCÊ SERÁ (OU É???) 'corno', ao menos que:
- Nunca deixe uma 'mulher moderna' insegura.
Antigamente elas choravam. Hoje elas simplesmente traem, sem dó nem piedade.
- Não ache que ela tem poderes 'adivinhatórios'...
Ela tem de saber da sua boca o quanto você gosta dela. Qualquer dúvida neste sentido poderá levar às conseqüências expostas acima.
- Não ache que é normal sair com os amigos (seja pra beber, pra jogar futebol) mais do que duas vezes por semana, três vezes então, é assinar atestado de 'chifrudo'. As 'mulheres modernas' dificilmente andam implicando com isso, entretanto, elas são categoricamente 'cheias de amor pra dar' e precisam da 'presença masculina'.
Se não for a sua meu amigo...
Bem...

- Satisfaça-a sexualmente. Mas não finja satisfazê-la. As 'mulheres modernas' têm um pique absurdo em relação ao sexo e, principalmente dos 30 aos 48 anos, elas pensam - e querem - fazer sexo TODOS OS DIAS (pasmem, mas é a pura verdade)... Bom, nem precisa dizer que se não for com você... - Lhe dê atenção. Mas principalmente faça com que ela perceba isso. Garanhões mau (ou bem) intencionados sempre existem, e estes quando querem são peritos em levar uma mulher às nuvens... Então, leve-a você, afinal, ela é sua ou não é???? - Nem pense em provocar 'ciuminhos' vãos. Como pude constatar, mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres. - Em hipótese alguma deixe-a desconfiar do fato de você estar saindo com outra. Essa mera suposição da parte delas dá ensejo ao um 'chifre' tão estrondoso que quando você acordar, meu amigo, já existirá alguém MUITO MAIS 'comedor' do que você..... só que o prato principal, bem... dessa vez é a SUA mulher. - Sabe aquele bonitão que você sabe que sairia com a sua mulher a qualquer hora? Bem... de repente a recíproca também pode ser verdadeira. Basta ela, só por um segundo, achar que você merece... Quando você reparar... já foi. - Tente estar menos 'cansado'. A 'mulher moderna' também trabalhou o dia inteiro e, provavelmente, ainda tem fôlego para - como diziam os homens de antigamente - 'dar uma', para depois, virar de lado e simplesmente dormir. - Volte a fazer coisas do começo da relação. Se quando começaram a sair viviam se cruzando em 'baladas', 'se pegando' em lugares inusitados, trocavam e-mails ou telefonemas picantes, a chance dela gostar disso é muito grande, e a de sentir falta disso então é imensa. A 'mulher moderna' não pode sentir falta dessas coisas... senão... Bem amigos, aplica-se, finalmente, o tão famoso jargão 'quem não dá assistência, abre concorrência e perde a preferência'. Deste modo, se você está ao lado de uma mulher de quem realmente gosta e tem plena consciência de que, atualmente o mercado não está pra peixe (falemos de qualidade), pense bem antes de dar alguma dessas 'mancadas'... Proteja-a, ame-a, e principalmente, faça-a saber disso. Ela vai pensar milhões de vezes antes de dar bola pra aquele 'bonitão' que vive enchendo-a de olhares... e vai continuar, sem dúvidas, olhando só pra você!!! Quem não se dedica, se complica.' Como diz uma amiga: MULHER NÃO TRAI, APENAS SE VINGA!!!

Bom, gente...
Textos assim me ajudam a sempre postar alguma coisa, enquanto a inspiração não retorna (ela não envia nem um telegrama...).
Abraços a todos e um beijo enorme e especial a todas as mulheres que conheço.

Ah, tava esquecendo... estou tentando iniciar uma nova era tecnológica nesta minha casa, estou tentando ligar os dois micros, o note e meu celular em uma rede mista (cabo e wi-fi), depois posto os equipamentos utilizados e macetes encontrados.

Fui...

sábado, outubro 20, 2007

Vivendo e não aprendendo.


Fala, galera.

Nem comentarei do tempo que se passou...

Estou MUITO longe de casa, ralando no interior do estado de São Paulo, na melhor das hipóteses (avião e busu), são 9 (nove) horas de viagem, a opção intermediária fica em torno de 14 (quatorze) horas de viagem e, na pior condição, dão 20 (vinte) horas de viagem. Ninguém merece isso realmente.
Postei porque o tempo tava passando e eu corria o risco de perder minha conta aqui no Blogger.
Tem tanta coisa pra escrever, tantas coisas aconteceram e outras tantas acontecerão.
Muito disto se deve ao título deste post.
É o segundo disco do Ira!, maravilhoso, compensa (e muito) ser ouvido.
Eu o ouvia quando tinha 14 anos e sempre tocava a música XV Anos e eu pensava: "Poxa, nem tenho 15 ainda, que merda...". Hoje meu filho tem 16, ninguém merece.
Pra quem interessar possa, taí o link pra baixarem esse disco: http://w11.easy-share.com/746674.html
Este post é rapidinho, só pra saberem que não morri.
Abraços a todos e um beijão pra meninas.
Fuiz (espero escrever mais dentro em breve)...
Post pra galera:
J. R. Ewing
Sgt. Peppers
Fatal Blondie

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Take the red pill, Neo - Part I

Post pra ser lido ao som de Bob Dylan - Love minus zero - No limit
E aí, galera? Tudo firme neste carnaval? Pularam bastante? Beberam bastante? Usaram bastante camisinhas? Esperamos que sim, mas, vamos ao que interessa...

O negócio é o seguinte...
Ontem (20/02/2007) eu trocava uma idéia com minha norinha linda pelo MSN, debatíamos sobre filmes e eu falei sobre a minha admiração ENORME pelo The Matrix, de 1999. Percebi que a adoração de todos os que já conversaram comigo a respeito do filme se resume aos efeitos especiais, às lutas maravilhosas de Kung-Fu, à temática futurista e às roupas de couro maravilhosas, mas, algo mais ficou pra trás, podemos relacionar neste item: a Filosofia, as religiões, o Processamento de Dados, a Matemática, Lewis Carrol, etc.
Pensando nisto, decidi fazer uma série de posts sobre o que acho interessante no filme, não sei quantos posts serão, mas, se estiver ficando chato, avisem.
Achei que deveria começar esta série de posts falando sobre processamento de dados, mas, pra incitar (ou excitar), seria interessante frisar uma ponta filosófica importantíssima no filme. Vamos nessa?
Eu não sou filósofo, mas, comecei a ler alguma coisa sobre Filosofia lá pelo ano 2000 ou 2001, achei tudo interessantíssimo, tão interessante que tenho vários livros (não consegui ler nenhum até agora, só trechos, mas, tá bom, um dia termino algum).

Segue abaixo um trecho do livro A República, de Platão, que mostra um diálogo entre Sócrates e Glauco, leiam e observem...

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Sócrates - Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco - Estou vendo.

Sócrates - Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.

Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.

Sócrates - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e dos seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica de fronte?

Glauco - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?

Sócrates - E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?

Glauco - Sem dúvida.

Sócrates - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?

Glauco - É bem possível.

Sócrates - E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Glauco - Sim, por Zeus!

Sócrates - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados.

Glauco - Assim terá de ser.

Sócrates - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?

Glauco - Muito mais verdadeiras.

Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?

Glauco - Com toda a certeza.

Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?

Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.

Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e a sua luz.

Glauco - Sem dúvida.

Sócrates - Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal como é.

Glauco - Necessariamente.

Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.

Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.

Sócrates - Ora, lembrando-se da sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que aí foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?

Glauco - Sim, com certeza, Sócrates.

Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples criado de charrua, a serviço de um pobre lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?

Glauco - Sou da tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.

Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?

Glauco - Por certo que sim.

Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que os seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se a alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?

Glauco - Sem nenhuma dúvida.


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Sentiram o drama?
Mas, vamos ao que nos interessa...
O texto abaixo é uma adaptação de um texto extraído da revista SuperInteressante, nº 188, de maio de 2003.
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Tudo é um computador

Qualquer coisa pode ser um processador. Jogue uma moeda para o alto e você terá um tipo de informação - cara ou coroa - que poderá ser traduzida de infinitas formas: ganhar ou perder, sim ou não, zero ou um, existir ou não existir. Cada opção é igual ao tipo mínimo de informação utilizada pelos computadores - os bits - e, ao modificá-la, podemos dizer que a moeda está processando dados.
Agora imagine o movimento de cada átomo que existe no Universo. Ele também se desloca no espaço, oscila entre um número de estados possíveis e, desta forma, funciona como um processador. Tudo o que existe no Universo segue esta lógica. Você e o monitor à sua frente, só por existirem, por evoluírem com o tempo, estão processando informação. O Universo é, na verdade, um enorme computador.
O físico John Archibald Wheeler, criador do termo buraco negro, pesquisou idéias como essas ao longo dos anos 80 e concluiu que, em nível ainda mais básico do que quarks, múons e as menores partículas que conhecemos, a matéria era composta de bits. "Cada partícula, cada campo de força e até mesmo o espaço-tempo derivam suas funções, seu sentido e sua existência de escolhas binárias, de bits. O que chamamos de realidade surge em última análise de questões como sim/não.", afirmou Wheeler em uma palestra feita em 1989. É como se, em um determinado nível, a matéria se tornasse tão pequena que tudo o que sobra é a informação (Olha que interessante). "A teoria descreve fenômenos tão básicos que talvez nem seja possível um dia testá-la, mas, existem pesquisas muito sérias sendo feitas nessa área.", afirma o físico Paulo Teotônio Sobrinho, da Universidade de São Paulo.
A teoria deu origem à ciência da física digital, que possui uma maneira bem peculiar de descrever os fenômenos. Quando, por exemplo, um átomo de oxigênio se junta a dois de hidrogênio para formar água, é como se cada um usasse as questões do tipo sim/não para avaliar todos os possíveis ângulos entre eles até optar pelo mais adequado.
No final, a impressão é que os átomos fizeram uma simulação dos processos físicos. Se tudo for mesmo feito de bits, o Universo poderá ser uma enorme simulação, muitas vezes mais potente que a Matrix. É preciso um enorme poder computacional para rodar todos esses processos, o que inspira os cientistas a construir computadores quânticos capazes de aproveitar grande parte dessa potência.
Uma questão que surge então é que tipo de programa o Universo estaria rodando. É possível que o software de todas as coisas seja simples, com talvez não mais que quatro instruções repetidas muitas vezes. Quem afirma é Stephen Wolfram, um físico que completou seu doutorado aos 20 anos, com 27 criou o bem sucedido software Mathematica e se tornou milionário. Dedicou então os últimos 15 anos para desenvolver sua teoria, divulgada em 2002.
A idéia é simples: faça uma linha de quadrados e pinte um deles de preto. Desenhe outra linha igual embaixo e, na hora de colorir, invente regras simples, como deixar pretos somente os espaços que tiverem uma outra célula escura na diagonal superior. Repita a operação milhares de vezes. Dependendo do caso, é possível construir imagens de enorme complexidade com apenas três ou quatro regras. A figura que ilustra este post, utiliza sete instruções para formar padrões que surgem e interagem de forma bastante complexa.
O Universo poderia funcionar da mesma forma, com regras simples elaboradas no início dos tempos, repetidas até gerar todas as coisas que conhecemos. Assim como a figura ali em cima, seríamos apenas padrões interagindo com compexidade. Apesar de ter causado um grande alvoroço, grande parte da comunidade científica não está convencida de que a regra de Wolfram seja universal. Portanto, uma Matrix que simulasse todo o nosso universo, com certeza, precisaria de um enorme processador. Resta saber se necessitaria de um software sofisticado.
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Vislumbraram o cenário?

Por isso que este filme é excepcional, ele faz parte de uma lista interminável que considero essencial, segue abaixo um trecho dela:

Relação de coisas que ajudam a pensar:

  1. The Matrix;
  2. Bob Dylan;
  3. Jimi Hendrix;
  4. Cachaça, açúcar e limão;
  5. Alan Moore;
  6. Mulheres inteligentes.
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Continuando nossa maravilhosa lista, segue abaixo mais um álbum pra vocês procurarem e/ou conhecerem e/ou adorarem (tudo chupado do post anterior - Ctrl+C e Ctrl+V - ou vocês acham que eu iria digitar toda essa frase de chamada novamente?):
#4 Ryan Adams - Heartbreak
ano: 2000
Top 3 Hits: "To be young", "Oh my Sweet Carolina" e "Come pick me up".
Disco irmão: Paul Westerberg - 14 songs (1993)
Disco pai: The Replacements - Tim (1985)
Disco filho: Ryan Adams - Gold (2001)
Para quem gosta de: Dor de cotovelo, violão, gaita e fogueira no deserto do Alabama.
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Poxa, isso me lembrou uma das aventuras de Copacabana.
Eu estava tocando violão num churrasco no hotel onde estamos hospedados e um hóspede nos despejou com a alegação de querer dormir, só porque já era quase 23h30min de uma quinta feira, absurdo. Fomos pra um bar em uma das esquinas de Copa e a polícia nos convidou a vazarmos fora, daí fomos pras areias de Copacabana. Vida boa. Cerveja gelada, mulheres bonitas, violão, gaita e muita disposição. Acho que estafarei.
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Tive minhas orelhas puxadas por e-mail, então agora tenho que mandar um beijo especial pra um monte de gente.
Segue a lista...
  1. Cléo Fidel;
  2. Cléo Fidel (2x);
  3. Luana;
  4. Narinha;
  5. Meiri;
  6. Paulinha;
  7. Paulinha Rios;
  8. Mandy (especial mesmo, só pra ela saber que nos importamos com ela)
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Abraços a todos, beijos pras meninas.

Até o próximo post.